No episódio de hoje do Mais que Jurídico, Marcelo Nobis conversa com o Prof. Dr. Robson Pedro Veras sobre educação, justiça, liberdade e o poder do conhecimento para formar uma sociedade mais ética e consciente.
Marcelo Nobis — Para começar: quem é o Robson formado pela escola pública da Ceilândia e lapidado nos corredores da PUC-SP?
Robson Veras: Um filho da educação pública que se apaixonou pela sala de aula cedo. Da Ceilândia à PUC-SP, descobri que a filosofia dá chão para o Direito e que o professor precisa pisar o mesmo piso que o aluno — humana e intelectualmente.
Você já contou que reprovou na escola por paixões adolescentes. O que esse episódio te ensinou sobre maturidade e foco?
Robson: Que razão e afeto disputam o volante da vida. Se o afeto domina, a gente derrapa. Aprendi a canalizar a intensidade para o estudo — e transformei tropeços em combustível.
Qual foi o “ponto de virada” que te fez professor?
Robson: Um amigo, Michel, me empurrou para o antigo magistério. Passei em 2º lugar. Dediquei meu segundo livro a ele. Às vezes, a vocação precisa de um empurrão.
Kant na prática: o que é “religião da razão” e por que isso importa ao Direito?
Robson: Em Kant, ser “religioso” é cumprir a moral. Antes do dogma, a ética. Para o Direito, significa que boa-fé, dever e dignidade não são enfeites — são alicerces de contratos, decisões e políticas públicas.
Weber e o risco do carisma: como lideranças “cheirosas” deformam a democracia?
Robson: Carisma é poder de dominação. Quando a forma supera o conteúdo, o eleitor escolhe perfume, não proposta. Isso fragiliza instituições e a própria segurança jurídica.
Democracia e capitalismo caminham juntos? Onde entra a segurança jurídica?
Robson: Na prática contemporânea, sim: democracia, mercado e segurança jurídica formam um triângulo. Se a segurança jurídica balança, a confiança desaba — e o resto vem junto.
Brasil x EUA: por que comparar modelos pode dar errado?
Robson: Porque a régua é diferente. Lá, Estado mínimo; aqui, SUS, educação e previdência públicas. Copiar sem contexto é erro de método e injustiça social.
STF, vaidade midiática e “populismo constitucional”: existe limite?
Robson: Todos somos humanos e permeáveis à mídia. Precisamos discutir transparência e responsabilidade comunicacional sem demonizar instituições nem rasgar liberdades.
Controle de mídias e redes sociais: dá para falar disso sem censura?
Robson: Dá — se o foco for responsabilidade e traços procedimentais: dever de cuidado, auditabilidade, contraditório, preservação da liberdade de expressão e combate à desinformação.
Sala de aula “no mesmo chão”: o que isso muda na formação jurídica?
Robson: Tudo. O aluno aprende melhor quando o professor traduz Kant, Weber e Constituição para problemas reais. Empatia pedagógica eleva retenção, ética e repertório.
O que você diria ao aluno de primeira geração na faculdade?
Robson: “Não largue a mão da curiosidade.” Leia além da bibliografia, participe, erre rápido, corrija rápido. O diploma pode romper ciclos familiares — e isso é civilização em curso.
Suas obras em uma linha cada
Robson:
- Livro 1: A moral como eixo — Kant para o cotidiano jurídico.
- Livro 2: Liberdade, democracia e segurança jurídica entre iluminismo e mundo digital.
Para fechar: um conselho ao jovem operador do Direito
Robson: Estude teoria, mas decida pelo humano. O Direito é técnica a serviço da dignidade.
Curtiu o papo? Isso foi só um recorte. Assista ao episódio completo do Mais que Jurídico com o Prof. Dr. Robson Pedro Veras — debate franco sobre Kant, Weber, STF, democracia, mídia e sala de aula que transforma. Clique e confira o podcast na íntegra! 🎧📺
