Por Política do Bem — Em entrevista ao podcast Política do Bem, a ex-deputada distrital Júlia Luc revisitou seu mandato, a derrota em 2022, a passagem pela comunicação (Jovem Pan, Gazeta do Povo e o programa de Cláudio Dantas) e sinalizou 99% de chance de voltar às urnas em 2026 — ainda dividida entre distrital e federal. Ao lado dos apresentadores Dedé Roriz e Odir Ribeiro, Júlia também analisou a disputa ao Governo do DF e comentou a própria postura no debate público. A íntegra do episódio está abaixo.
Os bastidores de um mandato “em estado de vigilância”
“Política envelhece quem se dedica de verdade”, resumiu Júlia, descrevendo o mandato como “guerra constante” que exige costura voto a voto. Mesmo sem bloco, diz ter aprovado todos os projetos que quis.
Sobre o ambiente para mulheres, foi direta: “É hostil. Muitas vezes você precisa ‘ir pra cima’, e isso ainda é lido como traço ‘masculino’.”
Ponto central: a credibilidade construída em plenário. “Quem cumpre palavra avança”, afirmou, lembrando que mantinha acordos mesmo sob críticas do partido e de eleitores.
2022 e as lições da derrota
Júlia reconhece que polarização e legenda pesaram: “Em 2022, ou você estava marcado como esquerda ou no PL. Com o número 44 (União Brasil), eu perdia voto ‘de cara’.”
Ela defende que posicionamento partidário é 70% da eleição e que campanha “é emoção, não técnica”. Ainda assim, preferiu manter coerência em decisões estratégicas (como não migrar para distrital de última hora).
“Você pode ser ótimo político, ter energia e oratória; se o momento exige um discurso e sua legenda não entrega, não há mágica.”
Da política para a comunicação — e de volta
A transição para a comunicação nasceu de vídeos autorais nas redes e convites subsequentes. Na Jovem Pan, diz ter saído após discordar de assuntos vedados pela direção à época. Passou pela Gazeta do Povo e hoje é presença frequente no programa de Cláudio Dantas.
“O poder de um comunicador é sério: movimenta gabinetes e o Judiciário. Comunicação gera ação.”
8 de janeiro e julgamento de Bolsonaro — a visão da entrevistada
A ex-distrital apresentou, em linguagem jurídica, a tese de que não houve “tentativa de golpe” em 8/1, falando em “crime impossível” diante da ausência de meios e comando. Ela critica o processo e vê injustiça contra Bolsonaro.
Nota da Redação: As opiniões acima são da entrevistada; processos relacionados aos fatos seguem em tramitação nas instâncias competentes.
2026 no DF: Celina, Grass, Capelli — e os “fatores ocultos”
Para Júlia, Ricardo Capelli “não é candidato” e “exagerou na vitrine” após a intervenção no DF. Sobre Leandro Grass, pondera que a ida ao PT dá musculatura, mas herda rejeição da sigla.
Ela vê Celina Leão como “a política mais articuladora do país” e diz que pode apoiá-la se estiverem na mesma coligação. Mantém no radar Rafael Prudente e Paula Belmonte como nomes competitivos.
Voltar ou não voltar? (Spoiler: voltar)
Júlia fala em 99% de chance de disputar 2026. O coração pende para federal (“há lacunas na oposição no Congresso”), mas reconhece apelo popular por seu retorno à CLDF. A decisão final, diz, dependerá de pesquisa e cálculo de nominatas.
“Passaporte vacinal” e outros embates
Ela cita como maior orgulho ter barrado a obrigatoriedade de passaporte vacinal no DF após audiência pública: “Não sou antivacina, mas autonomia corporal é princípio.”
Também relembra antagonismos duros com a esquerda, sem personalizar: “Posição firme não precisa de xingamento. Política é construção de pontes.”
Reconciliação ao vivo
O programa registrou um momento raro: pedido público de perdão de Odir Ribeiro à entrevistada por embates passados — e o perdão de Júlia.
“Quem bate esquece; quem apanha não esquece. Pedir e conceder perdão é grandioso”, disse ela.
Julia Lucy e o Top-7
- Mandato se vence com palavra cumprida e voto a voto.
- Mulheres ainda enfrentam ambiente hostil.
- Legenda certa no momento certo decide eleição.
- 2026: Celina é a articuladora a ser batida; Grass herda força e rejeição do PT.
- Capelli não deve consolidar candidatura, avalia.
- Júlia deve voltar às urnas; dúvida entre federal e distrital.
- Debate público precisa de firmeza sem agressão.