Entrevista — Renata D’Aguiar
Subsecretária de Promoção das Mulheres do DF • 1ª suplente de deputada distrital (PMN)
Entrevista concedida a Dedé Roriz
Dedé Roriz — Renata, obrigado por aceitar o convite. Para começar: há quanto tempo você está na subsecretaria e como foi chegar à área-fim das políticas públicas?
Renata D’Aguiar — Estou há cerca de um ano e meio na Subsecretaria de Promoção das Mulheres (com uma pausa de licença-maternidade). Sou auditora de carreira do governo federal, sempre atuei na área-meio e, por vocação, buscava a área-fim. Na secretaria consegui unir experiência técnica com o que sempre fiz no terceiro setor: políticas com resultado concreto na ponta.
Dedé Roriz — O que significa, na prática, “promoção das mulheres” na sua agenda?
Renata — É amplo: passa por autonomia econômica, saúde (inclusive mental e autoestima) e qualificação. Atendemos não só vítimas de violência — atendemos qualquer mulher em vulnerabilidade. Fechamos parcerias com a Saúde e com conselhos profissionais (como Enfermagem) para ampliar a rede de apoio.
Dedé Roriz — Existem trilhas de capacitação específicas?
Renata — Sim. Para mercado formal (ex.: cuidadoras de idosos) e para empreendedorismo (ex.: beleza, sobrancelha, unhas em gel). São caminhos de geração rápida de renda para que a mulher conquiste independência.
Dedé Roriz — Você sempre cita o terceiro setor. De onde veio essa ligação?
Renata — Cheguei a Brasília em 2014 e me envolvi no lixão da Estrutural antes do fechamento. Organizamos palestras, capacitações e levei catadoras para dar aulas em faculdades sobre reciclagem e descarte — elas tinham muito a ensinar. Dali nasceu o envolvimento permanente com instituições como o Reciclando Futuro.
Dedé Roriz — Um exemplo de transformação via qualificação?
Renata — Mulheres formadas em unhas em gel cobrando R$ 300 por atendimento e lotando agenda. Três atendimentos por dia já mudam uma realidade familiar. É renda, autonomia e autoestima.
Dedé Roriz — Como foi sua entrada na política eleitoral?
Renata — Incentivo do meu marido, Fábio (hoje secretário de Educação em Águas Lindas). Formalizamos a atuação social, concorri em 2018 (≈3.900 votos) e em 2022 (11.473 votos). Fui a 1ª suplente do deputado Rogério Morro da Cruz.
Dedé Roriz — Base eleitoral e mapa de votos em 2022?
Renata — Votação pulverizada pelo DF, com destaques em Ceilândia, Guará, Samambaia e Taguatinga. Meu trabalho é transversal (inclusão social e pauta da mulher), por isso estou em todas as cidades.
Dedé Roriz — E 2026: partido e alianças?
Renata — Estou no PMN como 1ª suplente. A lei é clara para mandatário, menos para suplente; por segurança jurídica, observo o cenário. Sou da base do governador e da vice Celina Leão; a ideia é construir o melhor caminho com o grupo. Partidos médios ou grandes fazem sentido para a nominata.
Dedé Roriz — Qual é o “Projeto 01” se você assumir o mandato?
Renata — Criar um Fundo do Terceiro Setor do DF, com tetos acessíveis (ex.: R$ 50 mil a R$ 100 mil) para instituições pequenas, permitindo capilaridade em todas as regiões. Queremos segurança jurídica na execução (emendas, prestação de contas) e qualificação de gestão para as entidades.
Dedé Roriz — Que gargalos você enxerga hoje para as OSCs?
Renata — Dificuldade em executar emendas, burocracia para certificações, trocas de equipes que mudam critérios “no ar-condicionado” sem ouvir quem está na ponta. Falta uma lógica estável e previsível de política pública.
Dedé Roriz — Conciliar vida parlamentar e um filho pequeno assusta?
Renata — É um desafio delicioso (risos). A resposta pública é política de cuidados: creches e rede de apoio próximas, para que mães que desejem trabalhar possam voltar com segurança. Cuidar é trabalho — precisa ser valorizado pelas políticas do Estado.
Dedé Roriz — Você evita a retórica “homens vs. mulheres”. Por quê?
Renata — Porque nos complementamos. Homens e mulheres têm características diferentes e potencializam a sociedade quando atuam juntos. Exemplo prático: ao chegar na Secretaria, absorventes foram incluídos nas compras porque mulheres na decisão entenderam a necessidade real. Representatividade muda detalhes que fazem toda a diferença.
Dedé Roriz — Esporte: o beach tennis (“bit tênis”) entra onde na sua rotina?
Renata — É meu antídoto de estresse. Jogo desde o início do esporte no Brasil (comecei no Rio). No começo, era “café com leite”; fui chegando cedo, esperando na rede, e ganhei espaço pela insistência — a mesma lógica que levo para a política: tijolinho por tijolinho.
Dedé Roriz — Que lição você tira do beach tennis para a política?
Renata — Determinação sem tirar o espaço de ninguém. Há lugar para quem trabalha bem. Não precisamos apagar o brilho alheio para brilhar.
Dedé Roriz — Como é sua relação com a secretária Gisele e com a vice Celina Leão?
Renata — Parceria verdadeira. A Gisele potencializa quem está ao lado, dá autonomia e cobra entrega. A vice confia e apoia. Lideranças assim fazem o time brilhar junto.
Dedé Roriz — Que política pública você gostaria de ver replicada já?
Renata — Qualificação rápida com foco em emprego e renda (beleza, cuidado, serviços demandados) e rede de saúde mental para mulheres. Isso vira a chave na vida real.
Dedé Roriz — Promessa para os leitores/ouvintes do Política do Bem?
Renata — Quando decidir meu partido para 2026, anuncio em primeira mão aqui com vocês.
Dedé Roriz — Uma frase que te guia?
Renata — “Quanto mais abençoada é uma pessoa, maior é a sua responsabilidade social.” Aprendi com minha mãe — e levo como missão.